segunda-feira, 29 de setembro de 2008

De volta às fotos










A flor
e a náusea 
(Carlos Drummond de Andrade) 

Preso a minha classe e a algumas roupas, 
vou de branco pela rua cinzenta. 
Melancolias, mercadorias espreitam-me. 
Devo seguir até o enjôo? 
Posso sem armas revoltar-me? 
Olhos sujos no relógio da torre: 
Não, o tempo não chegou de completa justiça. 
O tempo é ainda de fezes, e maus poemas, alucinações e espera. 
O tempo pobre, o poeta pobre 
fundem-se no mesmo impasse. 

Em vão me tento explicar, os muros são surdos. 
Sob a pele das palavras há cifras e códigos. 
O sol consola os doentes e não os renova. 
As coisas. Que triste são as coisas, consideradas sem ênfase. 
Vomitar esse tédio sobre a cidade. 
Quarenta anos e nenhum problema 
resolvido, sequer colocado. 
Nenhuma carta escrita nem recebida. 
Todos os homens voltam para casa. 
Estão menos livres mas levam jornais 
e soletram o mundo, sabendo o que perdem. 
Crimes da terra, como perdoá–los? 
Tomei parte em muitos, outros escondi. 
Alguns achei belos, foram publicados. 
Crimes suaves, que ajudam a viver. 
Ração diária de erro, distribuída em casa. 
Os ferozes padeiros do mal. 
Os ferozes leiteiros do mal. 

Pôr fogo em tudo, inclusive em mim. 
Ao menino de 1918 chamavam de anarquista. 
Porem meu ódio é o melhor de mim. 
Com ele me salvo 
e dou a poucos esperança mínima. 

Uma flor nasceu na rua! 
Passem de longe, bondes, ônibus, rio de aço do trafego. 
Uma flor ainda desbotada 
ilude a policia, e rompe o asfalto. 
Façam completo silêncio, paralisem os negócios, 
garanto que uma flor nasceu. 
Sua cor não se percebe.Suas pétalas não se abrem. 
Seu nome não está nos livros. 
É feia. Mas é realmente uma flor. 
Sento-me no chão da capital do país às cinco horas da tarde 
E lentamente passo a mão nessa forma insegura. 
Do lado das montanhas, nuvens maciças avolumam-se. 
Pequenos pontos brancos movem-se no mar, galinhas em pânico. 

É feia. Mas é uma flor. Furou o asfalto, o tédio, o nojo, e o ódio. 



(Clique na foto para ampliar. Fica mais bonita)

sexta-feira, 26 de setembro de 2008

Sono, sono, sono.

Em breve uma noite de sono que valha a pena.

terça-feira, 23 de setembro de 2008

As cartas.

Hoje elas disseram que o melhor que pode acontecer é eu ser rica e triste.
Impossível.
Quanto mais rica eu for, mais daquele papel que domina o mundo eu vou ter. E nele irei, em textos, escrever sobre a felicidade que eu não tive.
E tê-la em ficção.

sexta-feira, 19 de setembro de 2008

A música.

-Eu queria criar uma música que não acabasse. Uma música que ficasse para sempre e que reunisse todos os sons que possam existir. Algo que me acompanhasse para o resto da vida.
-Eu queria carregar algo dentro de mim que gravasse a música de cada minuto em que eu vivesse. Meus pensamentos seriam música. Uma música que nunca acabaria.
-Eu queria decodificar a matemática em música. Eu queria fazer malabarismo com sons. Eu queria criar uma música que nunca, nunca, nunca acabasse.
-Eu queria nunca morrer. Só assim eu teria a possibilidade de criar uma música que nunca acabaria. Toda a minha eterna existência voltada apenas para uma música. Toda a eterna música voltada apenas para a minha existência. Uma integração completa. Eu me tornaria música e, só se eu não morresse, eu teria tempo para isso.
-Tem vezes que acho que nenhuma música acaba. Os instrumentos podem parar, mas a música mesmo continua, eterna, aqui, dentro de mim. E eu vivo no silêncio mecânico até que outra música venha completar o trabalho daqueles instrumentos que pararam. E a música continua eterna em mim.
-Mas eu queria que esse silêncio nunca chegasse de vez. Eu queria que a música nunca acabasse. Se isso não for possível, quero que pelo menos a música dure o mesmo tempo que eu. Que quando a música acabar, eu acabe também. E nessa hora ela seja posta para repetir e se torne um mantra eterno, um patrimônio universal, propriedade de tudo que tenha um dia tomado conhecimento de que a música existe.
-Eu queria criar um amor que nunca acabasse.

quarta-feira, 17 de setembro de 2008

The beat less knowledge

"Here comes the sun, here comes the sun 
And I say it's all right"

Estou precisando incorporar.

domingo, 14 de setembro de 2008

Sono, sono, sono.

Em breve alguma postagem que valha a pena.

sábado, 13 de setembro de 2008

Vida punk.

Até quando?

quinta-feira, 11 de setembro de 2008

Uma homenagem a Gigito

Meu leitor de carteirinha.

Tempo!

Eu quero um de presente.