sábado, 18 de outubro de 2008

Sexta à tarde.

Enquanto todos falam "yupi! Final de semana!", Luciana tem que voltar ao colégio para fazer prova. Ontem (ou antes de ontem, se eu demorar mais de 5 minutos para digitar aqui) foi prova de redação. Meu mau humor fez com que saísse a seguinte crônica, cujo título não vem ao caso - em outras palavras, eu não me lembro:

...Sentada em um banco de praça, começava a me recordar de tudo o que aconteceu até hoje comigo. Datas, telefones e imagens da infância voltavam com uma facilidade incrível. Guardar novos telefones e compromissos também estava bem mais fácil. Ponto para mim! De tanto receber informações em tão pouco tempo, já estava me acostumando a me esquecer das coisas.
...Meses antes, havia lido na Folha de São Paulo sobre as tais pílulas de memória. Minha primeira reação foi dizer que elas eram só mais uma bobagem científica pós-moderna, como tantas que vemos por aí, mas a notícia gerou uma certa espectativa em mim. Não que minha falta de memória fosse um incômodo, mas seria bom experimentar não me esquecer de mais nada.
...Levantei do banco, feliz por me lembrar que tinha que ligar para o meu chefe ao chegar em casa. No caminho, comprei o presente para tia Márcia, que faria aniversário no domingo. Cheguei em casa, liguei para o meu chefe e nem precisei anotar as instruções que ele me passou. Comecei a escrever um artigo, orgulhosa por não me esquecer um detalhe sequer.
...Livre dos blocos de notas e dos lembretes do celular! Terminei mais rápido o trabalho e resolvi assistir ao telejornal. Notícias sobre futebol, a nova exposição de arte em Belo Horizonte, o último escândalo do partido criado há pouco tempo e que já havia trocado de nome... Nesse momento tudo perdeu o sentido e, de súbito, acordei. Era óbvio que tudo não havia passado de um sonho! Em um país onde os governantes se apoiam na falta de memória de seus eleitores para permanecerem no poder, até sonho tem limite - nunca deixariam que se lançasse uma droga que fizesse não esquecer.

2 comentários:

SONHO ESTRANHO disse...

Seria tão bom lembrar de tudo, já ia te pedir a receita! Mas me sacaneiou dizendo que era um sonho, no fim.

Gostei do texto!
O final é inesperado.

Anônimo disse...

gostei mesmo... =]